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segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Socorro! Dentes à vista...


"Dentição: a explicação que justifica qualquer mau comportamento do bebê." (Simon Brett, em Dicas para mães de primeira viagem, São Paulo: Publifolha, 2006)

Brincadeiras à parte, o assunto "sintomas de dentição" sempre foi controverso na literatura odontológica. Fato ou coincidência? Não raro os pais queixam de irritação, febre, resfriado, diarréia, problemas de sono, perda de apetite, aumento de salivação, assaduras e outras tantas mazelas que acometem os bebês simultaneamente ao nascimento dos primeiros dentinhos. E assim, mudou o comportamento? Lá vem os dentes...Paciência, é fase, vai passar!
Ou já esqueceu quando nasceram os seus dentes do siso, o incômodo que foi, até dor de ouvido sentiu?... Mas então, se aconteceu comigo, acontece com você, e com quase todo mundo...será mesmo coincidência?

Os dentes do bebê geralmente começam a erupcionar em torno do sexto mês, mas podem aparecer antes disso ou demorar muito mais. Assim como andar e falar, a idade em que aparecem os primeiros dentes é uma questão individual (1).

Da mesma forma, os bebês apresentam diferentes sintomas na dentição; uns não sentem nada, outros sofrem muito. Embora não exista um consenso profissional, muitos pais confirmarão que febre e mal-estar realmente acompanham a erupção dos dentes. Provavelmente, a própria dentição provoque mudanças físicas que se manifestam como sintomas de indisposição, deixando a criança mais suscetível temporariamente (1).

Contrariamente ao que se possa pensar, a função dos dentes não é meramente mastigação, fonação e estética. Cada dente representa muito mais do que isso. As funções dos dentes, na verdade são respiração, bioquímica e postura esquelética; daí viriam mastigação, fonética e, por fim, estética, consequência de uma função adequada. Os dentes ainda funcionariam como pontos de acupuntura, na visão da biocibernética bucal, estimulando os fluxos energéticos dos meridianos a cada toque uns com os outros (2). Assim, o nascimento dos primeiros dentes representa um grande marco dentro da evolução individual do ser humano e mostra que a
criança está pronta para acrescentar novos alimentos à sua dieta, os quais serão adicionados gradualmente semana a semana (2).

Uma recente investigação sobre o assunto concluiu que irritabilidade, aumento de salivação, coriza, perda de apetite, diarréia, assadura, distúrbios do sono e um pequeno aumento de temperatura estavam associados com a erupção dos dentes decíduos (3). A maioria das manifestações locais e sistêmicas foram encontradas durante a erupção dos incisivos, que são os primeiros dentes a nascer, e a irritação gengival foi o achado mais comum (4, 5).

Mas então, qual seria a explicação? Como este processo ocorre? A seguir, com a palavra, uma mãe. Uma cientista. Uma cientista que virou mãe e quis saber qual a relação dos dentes com a assadura dos bebês. Dra. Ligia Moreira Senas trás uma explicação lógica e pertinente para o assunto, acompanhe.


Cientista Que Virou Mãe: Dente que nasce, cocô que fica ácido: como assim? ...: Mães estudam enquanto os filhos dormem...


"Momento "mãe-cientista-vai-em-busca-de-uma-explicação".
Nesse texto eu conto como encontrei uma resposta para a pergunta: por quê o cocô do bebê fica ácido quando está nascendo dentinho, podendo causar assadura?
Essa semana, minha filha, em cerca de 4 dias, desenvolveu uma assadura monstro.
Assim que começou, nós aumentamos a frequência das trocas das fraldas, evitando que ela ficasse exposta ao xixi. Reforçamos o uso do amido de milho (Maizena), que absorve a umidade e não contém fragrância (como os talcos convencionais), que poderiam piorar a irritação. Limpávamos bem a região com água fresca para evitar que ficasse ali qualquer resíduo. E nada era suficiente para reduzir a irritação, que estava deixando a região muito avermelhada. Ela tem uma pele bem sensível, como minhas irmãs, às vezes aparecem umas dermatites atópicas bem conhecidas minhas e da minha família, então estou sempre cuidando dela, sempre de olho. O melhor para ela (para ela, para  natureza, para todos os outros bebês também) seria eu ter usado desde o começo o diaper free, o elimination communication, ou em outras palavras: ela não deveria ter usado fraldas. Esse foi um outro ponto muito negativo de ter precisado trabalhar fora durante todo esse tempo, me impediu de usar a técnica, e precisei usar as fraldas descartáveis. Não que sejam coisas excludentes, não são. Mas não tive tempo hábil de me envolver nisso, aprender, realmente me dedicar. Outro dia entro em mais detalhes sobre isso...
Como de costume, liguei pra minha amiga enfermeira  de todas as horas, que me perguntou logo de cara: ela está com dentinhos nascendo? Como os dois dentinhos superiores da frente - os incisivos centrais, já aprendi - já estão grandinhos, supus que os dos lados deles - incisivos laterais, oi odontologistas! - já estariam a caminho, então respondi que era provável que estivessem nascendo, sim. E aí ela mandou: amiga, é normal. Quando os dentinhos estão nascendo, é normal ter muita assadura mesmo.
Oi?!
O dente é na boca, a assadura é na "periquita" (venho de uma dinastia de mulheres que dão nomes de pássaros ao órgão genital feminino). Como é que é isso, gente?!
E ela ainda me disse que não só existe como é bem comum.

Eu e o pai dela nos desdobramos em mais cuidados e nada de conseguir vencer aquela porcaria.
Como tínhamos uma consulta marcada com a pediatra homeopata dela, aproveitei pra perguntar sobre isso. E lá vem a resposta: pode ficar tranquila! Isso aí é dos dentinhos nascendo - e me mostrou a gengiva toda inchadona dos incisivos laterais chegando... Prescreveu uma pomada e eu comecei o tratamento. E ela foi clara: pode melhorar em 3 dias ou pode levar até 1 mês, depende do bebê.
Bom, isso foi na terça-feira. E hoje ela já está ótima! Nem com a assadura ela se incomodou ou perdeu o bom humor, mas ver que já está tudo bem tranquilizou os pobres corações materno e paterno.

Mas desde que me disseram que o nascimento dos dentes pode causar assaduras, bate a dúvida: como é possível isso, fisiologicamente falando?
Fui atrás de entender melhor essa relação.
E em todo lugar, dos sites mais simplórios do mundo internético aos artigos científicos sobre saúde infantil, a única coisa que eu lia era "o nascimento dos dentes deixa as fezes mais ácidas e isso torna frequente o aparecimento de assaduras, as assaduras dos dentes".
Mas isso eu já sabia.
Minha dúvida era: por que o nascimento dos dentes deixa as fezes mais ácidas?
Para uma cientista, o "porque deixa" não é resposta.
Fui ler sobre o assunto, procurar uma resposta. E NÃO ENCONTREI! Nenhum artiguinho, nenhum profissional da área, ninguém, nada que explicasse o porquê do nascimento dos dentes deixar as fezes mais ácidas.
Então pensei bastante sobre o assunto e formulei uma hipótese, com os conhecimentos que eu tenho como professora de Fisiologia. Não vou testar a hipótese, como pede o método científico, mas ela é bem plausível. Lá vai.
Quando os dentinhos da criança estão nascendo, isso não é um evento isolado. Outras mudanças no organismo dela acontecem. Qual a função dos dentes? É atacar os predadores mas, principalmente, ser uma ferramenta para alimentação, ainda mais no caso da espécie humana, que, exceto pelo Mike Tyson, deixou de atacar os outros a dentadas faz tempo. Ou seja, o surgimento dos dentes simboliza "Oi corpo! Estou ficando pronta para comer de tudo! Logo mais, passarei dos alimentos simples aos mais complexos, tá?". Se é assim, é provável que o nascimento dos dentes acompanhe uma mudança bem significativa no trato gastrointestinal, no sistema digestório. Para se preparar para receber alimentos mais complexos, situação simbolizada pelo nascimento dos dentes, o estômago começa a produzir mais suco gástrico, que contém, além das enzimas que quebram as proteínas, ácido gástrico, o ácido clorídrico. Esse ácido não corrói a parede interna do estômago porque ele produz, também, muco, que protege contra o ataque químico. Num organismo mais preparado, quando o alimento misturado com o ácido passa para o intestino, os demais órgãos do aparelho digestório - pâncreas, fígado, vesícula - vão liberando seus sucos, que neutralizam a acidez. Mas como no bebê tudo está em desenvolvimento, pode ser que essa neutralização não seja tão eficiente quando deveria. E aí o que sai do estômago, passa pelo intestino e vai ser eliminado como fezes, acaba indo mais ácido também. Nessa fase, para não ter suas paredes atacadas, o intestino também começa a produzir mais muco, que continua a produzir durante toda a vida. É por isso que também é frequente encontrar, nessa fase, muco no cocô, porque o intestino o está produzindo como defesa à nova acidez. Encontrei vários artigos falando sobre como a presença de muco nas fezes, nessa fase da vida da criança, é um evento normal, embora ninguém se aprofunde a explicar o motivo disso. Lá na frente, quando o aparelho digestório estiver mais acostumado, mais preparado, as fezes não serão mais ácidas, porque a acidez do que sai do estômago vai conseguir ser eficientemente neutralizada pelas coisas que aqueles outros órgãos lá - pâncreas, vesícula e fígado - produzem. E assim, será feita a paz entre os órgãos de boa vontade. Para felicidade do bumbum.

Essa é uma explicação bastante razoável, ao meu ver.
E pode ajudar outras mães a entenderem porque pode aparecer aquela assadura sem fundamento quando os dentinhos estão chegando.
É. A vida de uma mãe cientista é assim...
A gente vai buscando respostas enquanto vai sendo mãe. Tudo ao mesmo tempo agora."


Em 2003 (6), pesquisadores confirmaram o aumento de citocinas inflamatórias no fluido crevicular gengival de dentes decíduos em erupção, ajudando a explicar a ocorrência de outras manifestações clínicas como febre, diarréia, aumento do choro e distúrbios de sono e alimentação/gastro-intestinais comuns nesta fase.

Muito bem, quem quiser se aprofundar em pesquisar mais o assunto, aí está o caminho das pedras. Lembrando sempre que manifestações mais severas requerem exclusão de outras causas e patologias orgânicas, para que a situação seja adequadamente conduzida (7).

Diante de todo o exposto, vamos ao que mais interessa: dicas práticas para enfrentar esta fase inerente ao desenvolvimento e maturação dos órgãos e sistemas da criança.

- Use a abuse dos mordedores. Nesta fase, os bebês estão ávidos por explorar cada vez mais o mundo, e adoram fazer isso colocando tudo na boca. Os mais naturais sempre são preferíveis, mas você pode testar mordedores de vários tipos, formatos e texturas e observar qual deles seu bebê prefere.


- Escovas, gazes e dedeiras/massageadores gengivais também ajudam a aliviar o desconforto, além de introduzir o hábito saudável da higiene bucal.

- A temperatura fria/gelada funciona como um antiinflamatório natural. Assim, resfrie os mordedores e aproveite a fase de introdução de alimentos, deixando o bebê se divertir com uma cenoura crua gelada, ou então raspar uma maçã; nos dias mais quentes, chupar cubinhos de gelo feitos com chá de camomila e enrolados em uma fralda ou paninho e, o mais gostoso de todos: o picolé de leite materno (congele seu leite dentro de forminhas para picolé e voilà)!
  

- Se o bebê quiser chupar o dedo, não se preocupe. Nesta fase, é normal que isso aconteça como uma forma de aliviar o desconforto provocado pela dentição. Proporcione outros estímulos saudáveis e em breve ele estará usando as mãos de outras formas, explorando e reconhecendo o mundo com todas as suas novidades.

- Evite medicar os processos naturais, prevenindo o surgimento de outros problemas inesperados. Alguns medicamentos usados para aliviar os desconfortos do período de dentição possuem anestésicos em sua formulação. Sua ação além de ser apenas momentânea, apresenta riscos quanto à toxicidade e efeitos colaterais, tais como dessensibilização da mucosa oral, dificuldades de deglutição, alteração do paladar, etc. Existem outros vendidos como medicamentos naturais (fitoterápicos, por exemplo), mas que nem por isso deixam de ser remédios. São compostos bioativos em geral à base de vitaminas e minerais que podem, sim, desequilibrar um organismo balanceado, lembrando que o excesso também será prejudicial à saúde. Apresentam sabor e podem interferir na introdução alimentar.

- Se for necessário medicar, a homeopatia pode ser uma boa alternativa (8), por cuidar da criança como um todo, tratando os sintomas iniciais dentro de um contexto e abordagem holísticos.

- Existem algumas terapias alternativas, como o colar de âmbar  que sugerem efeitos calmantes e antiinflamatórios, embora não existam comprovações científicas neste sentido. Os pais devem tomar cuidado para evitar potenciais riscos, como o de asfixia, por exemplo, e observar atentamente os efeitos.
" O Âmbar do Báltico é conhecido por reduzir a acidez no corpo humano de uma forma totalmente natural. No bebê, o uso constante do colar ajuda a reduzir os sintomas mais comuns relacionados com a dentição, tais como: vermelhidão nas bochechas, gengivas inchadas, assaduras, febre, erupções cutâneas, etc.", refere um dos sites que em Portugal comercializa estes artigos."Em um site nacional que indica o uso do produto, os autores afirmam que o uso do colar ´é seguro: "Os colares são fabricados manualmente e são seguros para serem usados em crianças e mães com bebês. O seu feitio prevê um nó entre cada pedra, para que no caso em que o colar se rompa – o que é muito difícil, mesmo com um uso diário – a integridade do colar é conservada.
O colar deve ser mantido em contato direto e permanente com a pele da criança. É o contato com a pele que favorece o efeito da pedra, não há necessidade que a criança coloque o colar na boca."




- A shantala (massagem para bebês) e o banho de balde-ofurô não são técnicas específicas para dentição, mas são ótimas formas de relaxar o bebê, aumentar a imunidade, fortalecer o vínculo e aliviar o desconforto comum nessa fase. Experimente!



- Gerações de mães confiaram na camomila, na erva-cidreira e outras ervas para acalmar a agitação e as dores do bebê. A mãe também pode tomar uma infusão dessas ervas para tranquilizar o bebê e também para aumentar a própria paciência e proporcionar para ambos um sono mais repousante (1).

- A melhor maneira de consolar um bebezinho em fase de dentição (ou não) é dar-lhe muito colo e amor. Amamente com especial carinho!

Lembrete: a amamentação até os 6 meses de idade deve ser exclusiva, sem introdução de chás, água ou outros líquidos e alimentos. A rotina deve ser de livre demanda. Até um ano de idade, o leite materno continua sendo o principal alimento do bebê e a introdução de outros sólidos é considerada complementar (9, 10). 


REFERÊNCIAS:
1 - Romm, Aviva J Cura Natural para Bebês e Crianças. Manual de primeiros socorros - Guia de A a Z. São Paulo: Editora Ground, p. 131-33, 1999.
2 - Furlan, E, Santos, RP. Biocibernética bucal. Em busca da saúde perfeita.São Paulo: Madras, p. 31, 2002.
3- Ramos-Jorge J, Pordeus IA, Ramos-Jorge ML, Paiva SM. Prospective longitudinal study of signs and symptoms associated with primary tooth eruption. Sep;128(3):471-6, 2011.
4 - Kiran K, Swati T, Kamala BK, Jaiswal D. Prevalence of systemic and local disturbances in infants during primary teeth eruption: a clinical study. Dec;12(4):249-52, 2011.
5 - Cunha RF, Pugliesi DM, Garcia LD, Murata SS. Systemic and local teething disturbances: prevalence in a clinic for infants.   Jan-Apr;71(1):24-6, 2004.
6 -Shapira J, Berenstein-Ajzman G, Engelhard D, Cahan S, Kalickman I, Barak V. Cytokine levels in gingival crevicular fluid of erupting primary teeth correlated with systemic disturbances accompanying teething. Sep-Oct;25(5):441-8, 2003.
7 - Arch Dis Child. 2007 March; 92(3): 266–268 (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2083427/ , (acessado em 12/11/2012).
8 -Jordan L. Could homeopathic medicine be utilised as a treatment for teething? Apr;12(1):35-9, 2005.
9 - Dez passos para uma alimentação saudável. Guia alimentar para crianças abaixo de 2 anos do Ministério da Saúde. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/10_passos.pdf (acessado em 12/11/2012). 
10 - Dez passos para uma alimentação saudável. Guia alimentar para crianças abaixo de 2 anos. Um guia para o profissional da saúde na atenção básica. Ministério da Saúde. http://189.28.128.100/nutricao/docs/geral/enpacs_10passos.pdf (acessado em 12/11/2012).

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Mel, seus filhotes e a Ortopedia Funcional dos Maxilares

Não faz muito tempo que nossa cachorrinha, a Mel, deu cria. Uma ninhada de cinco filhotinhos fofos de Cocker: três machos e duas fêmeas. Pois bem, passada a euforia do nascimento, logo percebemos que um deles tinha um pequeno problema – as patinhas traseiras quase não se mexiam.

Conforme ele ia crescendo, parecia que o defeito se agravava. Em compensação, era o que mais mamava. Mamava tanto que tinha o dobro do tamanho dos seus irmãos. Por isso e por ser de cor parecida, acabou sendo chamado de Mamão.
Mamão não precisava nem sair do lugar. Mel tinha tanto leite que o mesmo escorria direto para sua boquinha faminta. Com isso, ficava cada dia mais gordo e preguiçoso. E suas patinhas cada vez mais atrofiadas.
Quando sentiu que seus filhotes já estavam maiorzinhos, Mel decidiu retomar sua rotina e, paulatinamente, se afastava mais deles e por períodos cada vez maiores. Assim, quando queriam mamar, os cachorrinhos precisavam ir atrás da mãe para não ficar com fome. Mamão começou a ter dificuldades para se alimentar. Algumas vezes, conseguia se arrastar com as patas da frente até onde a Mel estava, outras vezes, tínhamos que ajudá-lo.
Assim foi, até que percebemos que se as coisas continuassem daquele jeito, Mamão precisaria sempre de algum tipo de “muleta” para sobreviver. Então tivemos uma idéia inusitada! Já que estimular ele a se arrastar com as patas dianteiras estava fazendo com que as traseiras funcionassem cada vez menos, por que não fazer o contrário: amarrar as patinhas da frente para que ele fosse obrigado a usar as de trás? E não é que funcionou! A necessidade de comer para sobreviver fez com que ele superasse seu pequeno defeitinho, recuperando a função das pernas e tornando-as fortes o bastante para aprontar poucas e boas por aí.
Taí uma forma fácil de entender o que significa a Ortopedia Funcional. Através de estímulos neuro-motores, muitas vezes realizados por meio de aparelhos, recuperamos a forma e a função das estruturas da face que possam estar atrofiadas devido a aspectos genéticos e/ou ambientais.
Atualmente, o aleitamento artificial em substituição à amamentação*, a introdução de hábitos orais deletérios (principalmente chupetas e mamadeiras), seguida por uma dieta de consistência pastosa e macia que não estimula a mastigação tem feito com que a boca (e demais estruturas oro-faciais) das crianças não se desenvolva perfeitamente e fique atrofiada tal qual a patinha do Mamão. Para corrigir este problema e restabelecer o equilíbrio, a estética e a saúde como um todo – a Ortopedia Funcional dos Maxilares é uma ferramenta excelente!
Ah, e o Mamão? Vai muito bem, obrigada, e, claro, aprontando todas por aí.

*Desde 1991, a Organização Mundial de Saúde, em associação com a UNICEF, vem empreendendo um esforço mundial no sentido de proteger, promover e apoiar o aleitamento materno.
As recomendações da Organização Mundial de Saúde relativas à amamentação são as seguintes:
·         As crianças devem fazer aleitamento materno exclusivo até aos 6 meses de idade. Ou seja, até essa idade, o bebé deve tomar apenas leite materno e não se deve dar nenhum outro alimento complementar ou bebida.
·         A partir dos 6 meses de idade as crianças devem receber alimentos complementares e manter o aleitamento materno.
·         As crianças devem continuar a ser amamentadas até os 2 anos de idade ou mais.


Dez passos para o sucesso da amamentação,
segundo recomendações da OMS/UNICEF: 

1. Ter uma norma escrita sobre aleitamento materno, a qual deve ser rotineiramente transmitida a toda a equipe de cuidados de saúde.
2. Treinar toda a equipe de cuidados de saúde, capacitando-a para implementar esta norma.
3. Informar todas as grávidas atendidas sobre as vantagens e a prática da amamentação. 
4. Ajudar as mães a iniciar a amamentação na primeira meia hora após o parto.
5. Mostrar às mães como amamentar e como manter a lactação, mesmo que tenham de ser separadas de seus filhos.
6. Não dar ao recém-nascido nenhum outro alimento ou bebida além do leite materno, a não ser que seja por indicação médica.
7. Praticar o alojamento conjunto - permitir que mães e os bebés permaneçam juntos 24 horas por dia. 
8. Encorajar a amamentação sob livre demanda (sempre que o bebé quiser).
9. Não dar bicos artificiais ou chupetas a crianças amamentadas.
10. Encorajar a criação de grupos de apoio à amamentação, para onde as mães devem ser encaminhadas por ocasião da alta hospitalar.

(Para mais informações consulte o site http://www.unicef.org/programme/breastfeeding/baby.htm )
   Segundo o Conselho Federal de Odontologia, a partir da Resolução CFO – 185/93, Ortopedia Funcional dos Maxilares é a especialidade que tem como objetivo tratar a maloclusão através de recursos terapêuticos, que utilizem estímulos funcionais, visando ao equilibrio morfo-funcional do sistema estomatognático e/ou a profilaxia e/ou o tratamento de distúrbios crânio-mandibulares, recursos estes que provoquem estímulos de diversas origens, baseados no conceito da funcionalidade dos órgãos.
P.S.: Dedico este texto ao professor Germano Brandão que, em meu primeiro contato com a Ortopedia Funcional dos Maxilares, tão bem a ilustrou com um exemplo semelhante, atiçando minha curiosidade e fazendo com que eu mergulhasse de cabeça nesta instigante especialidade. Isto se refletiu em toda a minha prática profissional e vida pessoal, questionando, quebrando paradigmas e  pesquisando sempre mais para exercer uma Odontologia coerente com as  necessidades mais básicas das crianças (como mamar, respirar, mastigar, falar...) e a busca da qualidade de vida que tanto almejamos para nossos filhos. Também a todo o grupo NEOM-RB (Núcleo de Estudos em Ortopedia dos Maxilares - www.neom-rb.com.br), à Dra. Gabriela Dorothy de Carvalho, autora do livro SOS Respirador Bucal - Uma Visão Funcional e Clínica da Amamentação; e ABONAM (Associação Brasileira de Odontologia Neonatal e Aleitamento Materno) pelo incansável trabalho na disseminação de conhecimentos tão importantes aos profissionais de saúde no que tange a prevenção, diagnóstico e tratamento das alterações funcionais do Sistema Estomatognático.